Behaviorismo Metodológico (Watson): Uma Psicologia que ignora a mente

O antigo behaviorismo metodológico distingue mundo objetivo de mundo subjetivo, e afirma que a ciência deve lidar apenas com o mundo objetivo, ou seja, com o mundo “fora” do sujeito. Por isso, o behaviorismo metodológico também é chamado de “a psicologia do outro”.

Para o realismo do behaviorismo metodológico, em termos de estudo, o comportamento real ocorre no mundo real e os nossos sentidos (auxiliados por instrumentos ou usados na observação direta) nos fornecem somente dados sensoriais sobre o comportamento real. Sendo assim, nunca o conhecemos diretamente, pois só o acessaremos indiretamente através de nossos sentidos. 

Essa escola de pensamento da Psicologia, hoje também chamada de Behaviorismo Clássico, postula que a Psicologia deve ocupar-se apenas do comportamento que pode ser objeto de observação pública e mensuração, em vez de buscar causas ou influências dos comportamentos em estados mentais.

O behaviorismo metodológico acredita na existência da mente, mas a ignora em suas explicações sobre o comportamento. Para o behaviorismo metodológico, os estados mentais não se classificam como objetos de estudo empírico.

Dito de outro modo, para o behaviorismo metodológico não é uma questão de negar a existência da mente. O ponto é que, por sua inacessibilidade ao estudo, não é possível atribuir-lhe status científico.

O Behaviorismo Metodológico de Watson

John Watson

Os postulados do behaviorismo metodológico foram formulados predominantemente pelo psicólogo americano John B. Watson.

Watson, com a publicação do seu artigo intitulado “Psicologia: como os behavioristas a vêem”, inaugura, em 1913, o termo que passa a denominar uma das mais expressivas tendências teóricas ainda vigentes: o Behaviorismo.

O termo inglês “behavior” significa “comportamento”, razão pela qual, no Brasil, também se chama Behaviorismo de Comportamentalismo, Psicologia Comportamental, entre outros.

(Existe muita discussão sobre os termos relacionados à Análise do Comportamento, mas vamos deixar isso para outra hora).

Watson estabelece como objeto de estudos da Psicologia o comportamento “observável e mensurável, cujos experimentos poderiam reproduzir diferentes condições e sujeitos.

As concepções de Watson, representam uma grande oposição à introspecção, movimento que vigorava na época, assim como rejeitavam também a analogia como métodos.

Desse modo, Watson fez proposições agradáveis a certos objetivos dos psicólogos da época, e que contribuíram para a separação definitiva entre psicologia e filosofia.

Behaviorismo metodológico e o realismo

O behaviorismo metodológico toma como base o realismo.

O realismo defende a ideia de que é a partir de um mundo real externo – objetivo – que constituímos o nosso mundo interno – subjetivo.

Paradoxalmente, o nosso contato se restringe à nossa experiência interna, provida pelos sentidos. Isso porque o mundo externo, objetivo, não nos é accessível diretamente. Assim, os nossos sentidos nos fornecem apenas dados sensoriais sobre aquele mundo real que nunca conhecemos diretamente.

Como behaviorista metodológico, portanto, o interesse de Watson concentra-se na busca de uma psicologia livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos, e que possa reunir condições de prever e de controlar.

Para tanto, torna-se importante, em compasso com o realismo, estabelecer uma dicotomia entre o mundo objetivo e o mundo subjetivo. À ciência, constituída de métodos próprios ao estudo do mundo objetivo, caberia lidar apenas com o mundo que está ‘fora’ do sujeito, o mundo que é compartilhado, accessível aos outros e possível de ser objeto de concordância.

Entendendo que o homem possui um aparato orgânico que se ajusta ao ambiente em que vive por meio de equipamentos hereditários e pela formação de hábitos, Watson defende a ideia de que o comportamento deve ser estudado como função de certas variáveis do meio, sob o argumento de que certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas.

Sendo assim, ele buscava realizar a descrição dos eventos comportamentais atribuindo-lhes um caráter mecânico e uma proximidade com a fisiologia, já que os motivos que estariam subjacentes ao ‘levar’ o homem a desempenhar o comportamento deveriam ser tratados isoladamente.

O fundamento do behaviorismo metodológico de Watson é um elemento da famosa descoberta do condicionamento clássico feita por Pavlov: o reflexo incondicionado que consiste, segundo Furtado (1999), “em respostas que são eliciadas (produzidas) por estímulos antecedentes do ambiente (ex. contração das pupilas quando há luz forte sobre os olhos)”.

Ao aprofundar e ampliar essas noções, John B. Watson chega ao “reflexo condicionado”. Este conceito refere-se à interações estímulo-resposta (relação entre ambiente e sujeito) em que o organismo passa a responder a estímulos aos quais antes não respondia.

Isso se dá em função de um pareamento de estímulos, como por exemplo: imergir a mão na água gelada e ouvir o som de uma campainha repetidas vezes. Depois de um certo tempo, a mudança de temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas pelo som da campainha, isto é, sem a necessidade de imersão das mãos.

A formulação do behaviorismo de Watson é representada pela relação S-R, onde S é o estímulo do ambiente e R a resposta do organismo.

Considerações finais

É sempre bom mencionar que muitas críticas feitas ao behaviorismo, de forma geral, consideram apenas o behaviorismo metodológico de Watson.

Exempos:

  • “O behaviorismo é muito superficial”
  • “O behaviorismo não considera sentimentos e pensamentos”
  • “Isso aí só funciona com ratos, não funciona como humanos”

A chamada “Psicologia Comportamental” vai muito além do behaviorismo metodológico de Watson.

Podemos ver isso, por exemplo, no behaviorismo radical de Bf Skinner.


Referências:

Baum, 2018. Compreender o Behaviorismo – 3.ed.: Comportamento, Cultura e Evolução.

Furtado, O; Teixeira, M.L.T.; Bock, A.M.B. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999

Weber, 2002. Conceitos e pré-conceitos sobre o behaviorismo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *