O que é Behaviorismo? Resumo da Psicologia Comportamental
Behaviorismo, também chamado de Comportamentalismo e Psicologia Comportamental, é um termo que abrange diversas teorias da psicologia que tem como principal objeto de estudo o comportamento.
Essa escola de psicologia foi fundada por John B. Watson baseada na crença de que os comportamentos podem ser medidos, treinados, e mudados. Behaviorismo foi estabelecido com a publicação do trabalho clássico de Watson “A psicologia como o behaviorista a vê” (1913).
John B. Watson, considerado o “pai” do behaviorismo, disse o seguinte:
“Deem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e um ambiente para criá-las que eu próprio especificarei, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei para tornar-se qualquer tipo de especialista que eu selecione – um médico, advogado, artista, comerciante e, sim, até um pedinte e ladrão, independentemente dos seus talentos, pendores, tendências, aptidões, vocações e raça de seus ancestrais”
– John Watson, Behaviorism (1930)
O que exatamente significa o que Watson disse?
Simplificando, os behavioristas rigorosos acreditavam que todos os comportamentos foram resultado de condicionamento. Qualquer pessoa poderia ser treinada para agir de uma maneira particular dado o condicionamento correto.
Essa perspectiva da psicologia teve precedentes nomes como Vladimir Mikhailovich Bechterev – o primeiro a propor uma Psicologia cuja pesquisa se baseia no comportamento, em sua Psicologia Objetiva – e Ivan Petrovich Pavlov – o fisiologista russo responsável pelo condicionamento clássico.
Condicionamento clássico é uma técnica utilizada na formação comportamental em que um estímulo que ocorre naturalmente é emparelhado com uma resposta.Em seguida, um estímulo anteriormente neutro é combinado com o estímulo de ocorrência natural. Eventualmente, o estímulo neutro anteriormente vem para evocar a resposta sem a presença do estímulo que ocorre naturalmente. Os dois elementos são então conhecidos como o estímulo condicionado e a resposta condicionada.
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Tipos de Behaviorismo
Não há uma única forma de classificar os tipos de behaviorismo, mas existem divisões mais ou menos utilizadas.
Behaviorismo clássico
O behaviorismo clássico de John B. Watson, também chamado de behaviorismo metodológico, é bem conhecido como “Psicologia S-R”, por causa da relação entre estímulo e resposta. Nessa perspectiva, a psicologia é um ramo das ciências naturais que tem como princípios a objetividade e a experimentação, e como finalidade prever e controlar o comportamento.
Watson tinha como proposta abandonar o estudo dos processos mentais, como pensamentos e sentimentos, e focar no comportamento observável. Comportamento aqui pode ser definido como qualquer mudança observável em um organismo que é consequência de algum estímulo ambiental. Na perspectiva do behaviorismo clássico, um comportamento é sempre resposta a um estímulo, visão que é superada mais tarde por outras perspectivas mesmo dentro da Psicologia comportamental.
Neobehaviorismo mediacional
Enquanto Watson utilizava como fundamento do behaviorismo metodológico o modelo SR (estímulo-resposta), Edward C. Tolman propõe um novo modelo de behaviorismo baseado no esquema S-O-R (estímulo-organismo-resposta). Entre o estímulo e a resposta, o organismo passa por eventos mediacionais, que Tolman chama de variáveis intervenientes. Tolman, ao contrário de Watson, estuda os processos mentais e chega a apresentra uma teoria de aprendizagem sustentada pelo conceito de mapas cognitivos. Por aceitar os processos mentais e propor a intencionalidade do comportamento como objeto de estudo, Tolman é considerado um precursor da psicologia cognitiva.
Clark L. Hull, assim como Tolman, defendia a ideia de variáveis mediacionais na análise do comportamento, mas enquanto Tolman trabalhava com conceitos mentalistas como memória e cognição, Hull rejeitava os conceitos cognitivistas em nome de variáveis mediacionais neurofisiológicas.
Tolman adotava a abordagem dualista watsoniana, enxergando o indivíduo como dividido entre corpo e mente; Hull adota uma posição monista, onde o organismo é puramente neurofisiológico.
O behaviorismo radical de Skinner

Como resposta às correntes internalistas da psicologia comportamental e inspirado pelo behaviorismo filosófico, Burrhus F. Skinner publica, em 1953, o livro Ciencia e comportamento humano, marcando o início do behaviorismo radical.
O behaviorismo radical teve seu desenvolvimento como uma filosofia da ciência comportamento humano. A parte experimental constituiria a Análise Experimental do Comportamento, enquanto a Análise Aplicada do Comportamento refere-se às aplicações práticas.
Skinner era um antimentalista, ou seja, rejeitava como causas do comportamento entidades mentais como cognição, id, ego e superego, inconsciente coletivo etc. Skinnner não nega a existência dos processos mentais, mas nega que eles são as causas do comportamento. O behaviorismo radical se opõe ao behaviorismo metodológico de Watson, que acreditava na existência de processos mentais, e ao neobehaviorismo mediacional, que dava relevância científica a variáveis mediacionais. Segundo a visão monista de Skinner o ser humano é uma entidade única, e não é dividido entre corpo e mente.
Skinner explica utiliza para explicar o comportamento o condicionamento operante e a seleção por consequências.
O condicionamento operante (por vezes referido como condicionamento instrumental) é um método de aprendizagem que ocorre através de reforços e punições para o comportamento. Através de condicionamento operante, uma associação é feita entre um comportamento e uma consequência para esse comportamento. Quando um resultado desejável segue uma ação, o comportamento torna-se mais provável de ocorrer de novo no futuro. Respostas seguidas de efeitos adversos, por outro lado, tornam-se menos prováveis de acontecer novamente no futuro.
O esquema então seria Sd-R-Sr. Sd representa o estímulo discriminativo, aumentando a probabilidade de ocorrência de uma resposta R. Após a resposta segue o estímulo reforçador Sr, que pode ser um reforço ou uma punição.
- O reforço aumenta a probabilidade de que o comportamento ocorra novamente.
- A punição diminui a probabilidade de que o comportamento ocorra novamente.
- No reforço positivo e na punição positiva estímulos são adicionados
- Nreforço negativo na punição negativa estímulos são retirados.
Há três níveis de seleção dos comportamentos:
- Nível filogenético: aspectos biológicos da espécie e da hereditariedade do indivíduo;
- Nível ontogenético: toda a história de vida do indivíduo;
- Nível cultural: aspectos culturais que influenciam a conduta humana.
O ser humano opera no ambiente, provocando modificações nele, que por sua vez age sobre o sujeito, modificando seus padrões comportamentais.
Críticas ao Behaviorismo
Muitos críticos argumentam que o behaviorismo é uma abordagem unidimensional para a compreensão do comportamento humano. Freud, por exemplo, sentiu que o behaviorismo falhou ao não contabilizar pensamentos da mente inconsciente, sentimentos e desejos que exercem uma influência sobre as ações das pessoas. Outros pensadores como Carl Rogers e outros psicólogos humanistas acreditavam que o behaviorismo era muito rígido e limitado, sem levar em consideração coisas como o livre arbítrio.
É importante destacar que a famosa crítica “behaviorismo não conseidera sentimentos”, assim como várias outras, é válida ao se falar do behaviorismo metodológico de Watson, mas desconsidera o Behaviorismo Radical de Skinner – que considera os “comportamentos encobertos”. Sobre o livre-arbítrio… bem, essa é uma longa discussão pra outra hora.
Vantagens do Behaviorismo
- Um dos principais benefícios do behaviorismo é que ele permitiu que aos pesquisadores investigar o comportamento observável de forma científica e sistemática.
- Técnicas terapêuticas eficazes, tais como uma intensa intervenção comportamental, a análise do comportamento, sistemas de fichas e treinamento por tentativas são todos enraizados no behaviorismo. Essas abordagens são frequentemente muito úteis na mudança de comportamentos desajustados ou nocivos em crianças e adultos.
A psicologia comportamental, ou behaviorismo, continua bem viva e bem mais presente na nossa vida do que costumamos perceber.
Referências:
Behaviorism (Stanford Enclyclopedia of Philosophy). Seção Three Types of Behaviorism.
Cherry, K. Theories of Behavioral Psychology. Very Well.
Skinner, B. F. (1974). About Behaviorism. Toronto: Alfred A. Knopf, Inc.
Mills, J. A. (1998). Control: A History of Behavioral Psychology. New York: NYU Press.
Skinner, B. F. «The operational analysis of psychological terms.». Psychological Review (em inglês). 52 (5): 270-277.
Tolman, Edward C. (1967). Purposive Behavior in Animal and Men (em inglês). [S.l.]: Irvington Pub. 463 páginas..
Watson, J. B. (1930). Behaviorism. New Brunswick, New Jersey: Transaction Publishers.
Watson, John B. «Psychology as the behaviorist views it.». Psychological Review. 20 (2): 158-177.
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