Pensando em língua estrangeira estamos menos propensos à superstição

Por  Alex Fradera

Operar em nossa segunda língua pode ter alguns efeitos psicológicos intrigantes. Nós juramos mais livremente e permanecemos mais tempo sobre temas embaraçosos do que o normal. Estamos também menos suscetíveis a vieses cognitivos. Segundo a psicóloga Constantinos Hadjichristidis da Universidade de Trento, isso acontece porque uma segunda língua nos desencoraja a depender de pensamento intuitivo. Em um novo artigo na The Quarterly Journal of Experimental Psychology, Hadjichristidis e seus colegas mostraram uma outra maneira em que isto se manifesta – quando pensamos em uma língua estrangeira, nós estamos menos propensos à superstição.

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Em um experimento, 400 oradores alemães nativos com proficiência em Inglês imaginaram-se em vários cenários, descritos em texto alemão ou anglês, sobre um dia importante, como a manhã antes de um exame ou no dia de uma entrevista de emprego. Cada cenário envolveu uma pausa na rotina, o que era ou mundano (como descobrir que a pia da cozinha que está entupida ou um sinal de um avião no céu), ou tiveram uma conotação supersticiosa – negativa, como um espelho quebrar, ou positiva, como detectar uma estrela cadente no céu. Os participantes classificaram como positivo ou negativo como eles se sentem nessas situações, respondendo na mesma língua do texto.

Ler e responder em inglês, em vez de alemão, não fez diferença para avaliações de como eles se sentem após um evento mundano, mas levou-os a descrever reações emocionais menos intensas aos eventos com uma conotação supersticiosa: eles disseram sentir-se menos negativos sobre os eventos de má sorte e menos positivos sobre os eventos de boa sorte.

O que está acontecendo aqui? Intuição depende de conexões facilmente acessíveis, como o termo “espelho quebrado” sendo repetidamente associado com desânimo ou desconforto. Essas conexões tendem a ser construídas na vida anterior, e invariavelmente em nossa língua nativa (os participantes alemães nesta pesquisa tinha começado a aprender o idioma inglês apenas aos 12 anos, em média). Quando nos deparamos com um conceito carregado de simbolismo supersticioso na nossa segunda língua, nós sabemos o que isso significa, literalmente, mas as associações emocionais não vêm automaticamente.

Se nada for feito, o nosso pensamento é sempre influenciado por nossas intuições, o que significa que mesmo aqueles que querem viver como materialistas pragmáticos podem encontrar pensamento mágico rastejando pela porta lateral. Uma forma de combater isso é monitorar as ideias que se formam e tentar expulsar as influências indesejáveis. Mas esta pesquisa sugere outra abordagem: barrar o portão para que as influências não entrer em primeiro lugar. Por agora, esta opção está disponível apenas para bilíngues, mas abre um caminho para descobrir outros modos de pensamento que são mais livres de intuição.

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Estudo: Breaking Magic: Foreign Language Suppresses Superstition

Alex Fradera  ( @alexfradera ) é escritor no BPS Research Digest.

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