A Autorrealização segundo Carl Rogers [Psicologia Humanista]

A maior força motivadora da personalidade é o impulso para a realização do self (Rogers, 1961). Embora essa ânsia pela autorrealização seja inata, pode ser incentivada ou reprimida por experiências da infância e por aprendizagem.

Carl Rogers enfatizava a importância da relação entre mãe e filho por ela afetar o senso de self em evolução na criança. Se a mãe satisfaz a necessidade de amor do bebê, que Rogers chamou de atenção positiva (amor incondicional da mãe pelo bebê), ele provavelmente terá uma personalidade saudável.

Se a mãe condiciona o amor pelo filho a um comportamento adequado (atenção positiva condicional), ele internalizará essa atitude e desenvolverá condições de valor. Nesse caso, a criança se sentirá valorizada somente sob determinadas condições e tentará evitar comportamentos considerados reprováveis. Consequentemente, a noção de si mesma não se desenvolverá plenamente. A criança não será capaz de expressar todos os aspectos de si própria porque aprendeu que alguns desses comportamentos produzem rejeição.

Desse modo, o principal requisito para o desenvolvimento da saúde psicológica é a atenção positiva incondicional na infância. O ideal seria que a mãe demonstrasse o amor e a aceitação à criança, independentemente do seu comportamento. A criança que recebe atenção positiva incondicional não desenvolve condições de valorização e assim não terá de reprimir nenhuma parte emergente de si. Somente dessa maneira a pessoa eventualmente é capaz de obter a autorrealização.

A autorrealização consiste no mais elevado nível da saúde psicológica. O conceito de Rogers é semelhante, em princípio, ao de Abraham Maslow, embora divirjam em algumas características das pessoas psicologicamente saudáveis.

Diferenças entre Rogers e Maslow

Para Rogers, as pessoas plenamente funcionais ou psicologicamente saudáveis apresentam essas características:

. Mente aberta para aceitar qualquer tipo de experiência e novidades;
. Tendência a viver plenamente cada momento;
. Capacidade para se orientar pelos próprios instintos e não pelas opiniões ou razões de outras pessoas;
. Senso de liberdade em pensamento e ação;
. Alto grau de criatividade; e
. A necessidade contínua de maximizar o seu potencial.

Rogers descrevia as pessoas plenamente funcionais como sendo realizadoras e não realizadas, para indicar que a evolução do self está em constante andamento.

Essa ênfase na espontaneidade, na flexibilidade e na capacidade contínua de crescimento está perfeitamente expressa no título do livro mais famoso de Rogers: Tornar-se Pessoa (On becoming a person, 1961).

Considerações finais

A psicoterapia centrada na pessoa de Rogers provocou grande impacto na psicologia. Sua teoria da personalidade foi igualmente bem recebida, especialmente devido à ênfase na importância do próprio indivíduo.

Os críticos salientavam a falta de especificidade acerca do potencial inato de autorrealização e a aceitação das experiências conscientes subjetivas excluindo as influências inconscientes. A teoria e a terapia geraram muita pesquisa de apoio e são amplamente empregadas nos ambientes clínicos.

Rogers foi influente no movimento do potencial humano da década de 1960 e em parte da tendência geral de humanização da psicologia. Foi eleito presidente da APA em 1946 e recebeu o Prêmio de Destaque pela Contribuição Científica e de Destaque Profissional.

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