A Terapia Centrada no Cliente de Carl Rogers (Abordagem Centrada na Pessoa)

Um olhar mais atento sobre a terapia centrada na pessoa de Carl Rogers

Terapia centrada no cliente, também conhecida como abordagem centrada na pessoa, é uma forma não-diretiva de psicoterapia que foi desenvolvida pelo psicólogo humanista Carl Rogers, durante os anos 1940 e 1950.

Saiba mais sobre como esse processo foi desenvolvido e como a terapia centrada no cliente é utilizada.

A História da Terapia Centrada no Cliente

Carl Rogers é amplamente considerado como um dos psicólogos mais influentes do século 20.

Ele era um pensador humanista e acreditava que as pessoas são fundamentalmente boas. Rogers também sugeriu que as pessoas têm uma tendência atualizante, ou um desejo de realizar seu potencial e se tornar as melhores pessoas que podem ser.

Rogers começou inicialmente a chamar sua técnica de terapia não-diretiva. Embora seu objetivo fosse ser o mais não-diretivo possível, ele finalmente percebeu que os terapeutas guiam os clientes mesmo de maneiras sutis. Ele também descobriu que os clientes muitas vezes buscam os seus terapeutas para algum tipo de orientação ou direção. Eventualmente, a técnica veio a ser conhecida como terapia centrada no cliente ou terapia centrada na pessoa. Hoje, a abordagem de Rogers para a terapia é muitas vezes referida por qualquer um destes dois nomes, mas também é frequentemente conhecida simplesmente como terapia Rogeriana.

É também importante notar que Rogers foi deliberado no seu uso do termo cliente, em vez de paciente. Ele acreditava que o termo paciente implicava que o indivíduo estava doente e procurava a cura de um terapeuta.

Usando o termo cliente preferivelmente, Rogers enfatizou a importância do indivíduo em procurar a ajuda, controlando seu destino, e superando suas dificuldades. Essa auto-direção desempenha um papel vital na terapia centrada no cliente.

Bem como psicanalista Sigmund Freud, Rogers acreditava que a relação terapêutica pode levar a insights e mudanças duradouras em clientes.

Enquanto Freud se concentrava em oferecer interpretações do que ele acreditava serem os conflitos inconscientes que levaram aos problemas de um cliente, Rogers acreditava que o terapeuta deveria permanecer não-diretivo. Ou seja, o terapeuta não deve dirigir o cliente, não deve fazer julgamentos sobre os sentimentos do cliente, e não deve oferecer sugestões ou soluções. Em vez disso, o cliente deve ser um parceiro igual no processo terapêutico.

Como funciona a terapia centrada no cliente?

Profissionais de saúde mental que utilizam essa abordagem se esforçam para criar um ambiente terapêutico que é conformável, de não-julgamento, e com empatia. Dois dos elementos-chave da terapia centrada no cliente são:

  • Não é diretiva. Os terapeutas permitem que os clientes liderem a discussão e não tentam dirigir o cliente em uma direção específica.
  • Enfatiza consideração positiva incondicional. Os terapeutas demonstram total aceitação e apoio aos seus clientes sem julgamento.

De acordo com Carl Rogers, um terapeuta centrado no cliente precisa de três qualidades-chave:

Genuinidade

O terapeuta precisa compartilhar seus sentimentos honestamente. Ao modelar esse comportamento, o terapeuta pode ajudar a ensinar o cliente a desenvolver essa habilidade importante.

Olhar Positivo Incondicional

O terapeuta deve aceitar o cliente como ele é e exibir suporte e cuidados, não importa o que o cliente está enfrentando ou experimentando. Rogers acreditava que as pessoas muitas vezes desenvolvem problemas porque estão acostumadas a apenas receber apoio condicional; Aceitação que só é oferecida se a pessoa estiver em conformidade com certas expectativas. Ao criar um clima de consideração positiva incondicional, o cliente se sente capaz de expressar suas verdadeiras emoções sem medo de rejeição.

Rogers explicou:

“Consideração positiva incondicional significa que quando o terapeuta está experimentando uma atitude positiva, aceitando como o cliente é, naquele momento, o movimento terapêutico ou a mudança é mais provável. Envolve a vontade do terapeuta para o cliente ser o sentimento que está acontecendo naquele momento – confusão, ressentimento, medo, raiva, coragem, amor ou orgulho … O terapeuta premia o cliente de uma maneira total e não condicional “.

Compreensão empática

O terapeuta precisa ser reflexivo, agindo como um espelho dos sentimentos e pensamentos do cliente. O objetivo disso é permitir que o cliente obtenha uma compreensão mais clara de seus próprios pensamentos, percepções e emoções internas.

Ao exibir estas três características, os terapeutas podem ajudar os clientes a crescer psicologicamente, se tornarem mais autoconscientes, e alterar o seu comportamento através de autodireção. Neste tipo de ambiente, um cliente se sente seguro e livre de julgamento. Rogers acreditava que este tipo de atmosfera permite aos clientes desenvolver uma visão mais saudável do mundo e uma visão menos distorcida de si mesmos.

A Importância do Autoconceito

Autoconceito também desempenha um papel importante na abordagem centrada na pessoa. Rogers definiu o autoconceito como um conjunto organizado de crenças e ideias sobre o eu. O auto-conceito desempenha um papel importante na determinação não só de como as pessoas vêem a si mesmas, mas também como elas veem e interagem com o mundo em torno delas.

Às vezes o autoconceito se alinha bem com a realidade, o que Rogers chamou de congruência. Em outros casos, as autopercepções são por vezes irrealistas ou não em sintonia com o que existe no mundo real. Rogers acreditava que todas as pessoas distorcem a realidade até certo ponto, mas quando o autoconceito está em conflito com a realidade, a incongruência pode resultar. Por exemplo, um rapaz pode perceber-se como um atleta forte, apesar de seu desempenho real no campo revela que ele não é particularmente hábil e poderia usar a prática extra.

Através do processo de terapia centrada na pessoa, Rogers acreditava que as pessoas poderiam aprender a ajustar o seu autoconceito, a fim de alcançar a congruência e uma visão mais realista de si e do mundo.

Por exemplo, imagine uma jovem que se vê como desinteressante e com uma fala pobre, apesar do fato de que outras pessoas a acham fascinante e bastante envolvente. Já que suas autopercepções não são congruentes com a realidade, ela pode sentir pobre autoestima como resultado. A abordagem centrada no cliente se concentra em fornecer uma consideração positiva incondicional, empatia e apoio genuíno, a fim de ajudar a cliente a alcançar uma visão mais congruente de si mesma.

Terapia Centrada no Cliente na Cultura Popular

O ator Bob Newhart retratou um terapeuta que utilizou terapia centrada no cliente no The Bob Newhart Show que foi ao ar em 1972-1978.

Quão eficaz é a terapia centrada no cliente?

Vários estudos em larga escala mostraram que as três qualidades que Rogers enfatizou, genuinidade, consideração positiva incondicional e compreensão empática, são todas benéficas. No entanto, alguns estudos sugeriram que esses fatores isoladamente não são necessariamente suficientes para promover uma mudança duradoura nos clientes.

Uma avaliação que analisou a eficácia da terapia centrada na pessoa sugeriu que esta abordagem foi eficaz para indivíduos que sofrem de problemas de saúde mental comuns, como depressão e ansiedade, e pode até ser útil para aqueles que experimentam sintomas mais moderados a graves.


Referências:

Cooper, M., Watson, J. C., & Hoeldampf, D. (2010). Person-centered and experiential therapies work: A review of the research on counseling, psychotherapy and related practices. Ross-on-Wye, UK: PCCS Books.

Gibbard, I., & Hanley, T. (2008). A five-year evaluation of the effectiveness of person-centered counseling in routine clinical practice in primary care. Counseling and Psychotherapy Research, 8(4), 215-222.

Rogers, C. (1951). Client-centered psychotherapy. Boston: Houghton-Mifflin.

Rogers, C. (1977). Carl Rogers on personal power: Inner strength and its revolutionary impact. New York: Delacorte Press.

Rogers, C. (1980). A way of being. Boston: Houghton-Mifflin.

Sachse, R., & Elliott, R. (2002). Process-outcome research on humanistic therapy variables. In David J. Cain & Jules Seeman (Eds.). Humanistic psychotherapies: Handbook of research and practice. Washington, DC: American Psychological Association.

Adaptado do Very Well.

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