O que aconteceria se você juntasse no mesmo lugar três caras que acreditam ser Jesus Cristo?
Isso foi feito por Milton Rokeach, um dos 99 psicólogos mais citados do século 20.
Em 1959, Rokeach realizou um experimento psicológico com três homens que acreditam ser Jesus Cristo, em um hospital em Ypsilanti, Michigan – EUA.
Ele acreditava que essa reunião curaria os delírios de Clyde Benson, Joseph Cassel e Leon Gabor, que estavam em estado esquizofrênico paranoico. No entanto, não foi bem isso que aconteceu.
Eles se recusavam a abdicar de suas crenças, eram hostis e discutiam entre si.
Milton Rokeach era fascinado pela noção de identidade. Apenas reunir os “três cristos” em Ypsilanti não curou seus delírios, então ele passou a usar outra estratégia – e entrou em um território muito mais antiético.
Ele começou a enviar cartas para Leon Gabor em nome de Madame Yeti (a “esposa imaginária” de Leon).
Rokeach usou as cartas de Madame Yeti para questionar a ideia de Leon ser Jesus Cristo. Ele se baseou na hipótese de que colocar uma ilusão de Leon contra a outra poderia curar seu delírio.
Contudo, isso também não teve o efeito esperado. Leon parou de se corresponder com Madame Yeti e se recusou a reconhecer sua alegação de identidade como fictícia.
Outra tentativa de Rokeach para curar o delírio de Leon envolveu uma assistente de pesquisa flertar com o suposto Cristo. Leon se apaixonou por ela, que não correspondeu – pois era apenas parte do experimento. A rigidez das ilusões de Leon ficou ainda maior.
Milton Rokeach também tentou desafiar as crenças dos outros dois “cristos” por meio de cartas, mas não obteve sucesso.
Houve agressões físicas entre os três homens que acreditam ser Jesus Cristo dentro do hospital de Ypsilanti. Mas com o tempo eles se acostumaram a aprenderam e evitar a discussão sobre a identidade de Cristo quando conversavam.
Em seu livro de 1964, The Three Christs of Ypsilanti (Os Três Cristos de Ypsilanti), o psicólogo Milton Rokeach fala sobre suas pesquisas sobre a cura de delírios. O experimento durou dois anos, mas Rokeach foi incapaz de fazer os “três cristos de Ypsilanti” desistirem de suas crenças.
O próprio Milton Rokeach concluiu que seu trabalho foi antiético e passou dos limites. Na reimpressão de seu livro em 1984, ele pede desculpas e afirma:
“Embora eu não tenha conseguido curar os três Cristos de suas ilusões, eles conseguiram curar a minha – a ilusão divina de que eu poderia mudá-los de forma onipotente e organizando e rearranjando de maneira onisciente sua vida cotidiana dentro da estrutura de uma ‘instituição total’ ”.
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Um filme chamado Three Christs foi lançado em 2017, baseado no experimento de Rokeach.
INRI Cristo andando de patinete (porque isso é muito legal)
Sou estudante de psico e estou me formando, acho muito interessante postagens que relatam esses experimentos sociais e acima de tudo experimentos que se fogem da ética ou não, são realizados por estudiosos que uma ou de outra forma queriam chegar a algum fim. Diferente da moda de hoje em dia de se criar experimentos sociais para entretenimento em canais de youtube ou compartilhar coisas do tipo em redes sociais, estes experimentos carregavam um fim muito importante para a ciência psicológica. Sou a favor dos experimentos sociais contanto que ainda se mantenha a ética e os direitos universais é claro. De toda forma peço que poste mais experimentos e seus resultados e junto com o artigo se possível mais atuais. Obrigado e continuem o bom trabalho.