Carollina Guilhermino e Tiago Azevedo
Pandemia é o nome dado à disseminação mundial de uma nova doença. Uma pandemia ocorre quando um novo vírus emerge e se espalha pelo mundo, e a maioria das pessoas não têm imunidade para que seu corpo seja protegido. No caso atual, esse vírus é chamado de COVID-19, e é pertencente à família do coronavírus.
O vírus é transmitido através do contato direto com gotículas respiratórias de uma pessoa infectada (geradas através de tosse e de espirros). As pessoas também podem ser infectadas ao tocar superfícies contaminadas com o vírus e depois tocar seu rosto (por exemplo, olhos, nariz, boca). Sua taxa de mortalidade é estimada em 3,5%, o contágio é alto (cada infectado pelo COVID-19 pode contagiar de duas a três pessoas) e afeta muito a população de risco (idosos).
Devido a esses e outros fatores autoridades do mundo inteiro estão tomando medidas para evitar que o vírus se espalhe, como paralisação de atividades em escolas e universidades e quarentena para os infectados. No Brasil não foi diferente.
A chegada do vírus está afetando a rotina da população, e também seu estado psicológico. Muitos se sentem inseguros, ansiosos com incertezas econômicas e estressados por causa do isolamento social e rotinas alteradas. Mas o que fazer em crises como essas? Como se manter psicologicamente saudável?
Há pessoas em pânico, “tomando banho de álcool gel”, estressadas com as informações sobre o vírus, “paranoicas” a ponto de não abrir a porta de casa, dormindo mal por causa da ansiedade, sentindo medo por causa de incertezas em relação ao futuro. Outras estão relaxadas e despreocupadas. Há pessoas que estão aproveitando a falta de aulas como se fosse férias, enquanto outras estão desesperadas por estarem perdendo conteúdo. Será que algum dos extremos faz sentido?

Primeiro, vamos falar sobre a ansiedade. A ansiedade é uma emoção que pode atrapalhar a sua vida como um todo, mas também pode ser útil, pois é uma resposta natural do corpo relacionada à antecipação de perigo. Ou seja, sentir ansiedade/medo é normal. A grande questão, que nos interessa aqui, é o grau de ansiedade.
Usando extremos dos dois extremos, podemos ter o seguinte:
Pessoa X: totalmente relaxada, tá aproveitando as “férias”, não tá nem aí pra coronavírus.
Pessoa Y: totalmente tensa, vivendo “paralisada” pelo medo, querendo viver numa bolha.
Qual você acha que está certa? Considerando o contexto atual de pandemia, os dois casos podem ser problemáticos.
A pessoa X pode estar relaxada demais, a ponto de colocar a si mesma e outras pessoas em risco de saúde ao não tomar nenhum cuidado recomendado para prevenir a propagação do vírus. A pessoa Y pode estar tão ansiosa que isso afeta toda a sua vida, gerando prejuízos na saúde, nos relacionamentos, nos estudos, no trabalho etc.
Como manter a saúde mental em meio à pandemia?
Antes de tudo, siga as recomendações para manter sua saúde física. Isso inclui informar-se sobre hábitos de higiene e outras ações necessárias para minimizar os prejuízos causados pelo coronavírus. Cuidar do seu corpo já é um primeiro passo para cuidar de sua saúde mental (corpo e mente estão ligados, e afetam um ao outro).
Podcast: Como lidar com a ansiedade causada pela pandemia de coronavírus
Cuidado com o excesso de informação
É comum que nosso cérebro exagere certos perigos por causa do modo como ele recebe e processa as informações. Por exemplo: muitas pessoas tem muito mais medo de voar de avião do que de andar de carro, mesmo que, estatisticamente, as chances de morrer em um acidente de avião sejam muito menores do que as chances de morrer em um acidente de carro. Um fator que contribui para isso é que quando sempre que ocorrem acidentes de avião eles são notícia o tempo todo, o que faz parecer que aviões são muito perigosos.
Absorver informações sobre o coronavírus o tempo todo através de televisão e internet pode te fazer pensar que está acontecendo o fim do mundo. Se você está sofrendo com ansiedade por causa disso, considere fazer uma “dieta de informação”, e busque saber apenas o mínimo necessário (o suficiente para manter sua segurança e das outras pessoas, sem entrar em pânico).
Sendo realista: o que você pode fazer?
O que você pode fazer para resolver o problema? Sua preocupação ajuda efetivamente em algo? Algumas coisas estão sob nosso controle, então podemos agir. Mas não temos controle sobre tudo. Se não podemos fazer nada para resolver certos problemas, se preocupar demais não vai ajudar. Faz mais sentido se concentrar nos problemas que você pode resolver e nas formas de resolvê-los. Pensar obsessivamente sobre algo que está totalmente fora do seu controle vai trazer mais prejuízos ou benefícios?
Algumas técnicas para aliviar a ansiedade:
Respiração controlada: a respiração pode ser usada para diminuir os sintomas fisiológicos da ansiedade (hiperventilação e tensão muscular, por exemplo). Basicamente, a técnica consiste em, estando em uma posição confortável (sentado ou deitado), respirar lentamente e prestando atenção à própria respiração. Você pode inspirar por 3 segundos, segurar o ar por 3 segundos e soltar o ar em 6 segundos. Repita o procedimento algumas vezes.
Atenção plena: concentrar-se em algo pode ter efeitos benéficos e ajudar a diminuir ansiedade e preocupação. Você pode focar sua atenção na sua própria respiração, nos objetos presentes no seu ambiente, e até nas sensações e movimentos do seu corpo enquanto você lava louça. No começo pode ser difícil manter o foco, mas com a prática isso melhora.
Distração: você já ouviu alguma frase do tipo “tô precisando me distrair pra esquecer os problemas…”? De certo modo, isso pode ajudar. O que “entra na nossa cabeça” afeta o que pensamos, o que sentimos e como nos comportamos. “Alimentar” o cérebro com notícias ruins vai ter um efeito diferente em você do que maratonar uma série de comédia ou estudar. Faz sentido?
Como manter os estudos
A pandemia do coronavírus é um problema global. No entanto, é necessário nos adaptarmos a isso. Muitos alunos estão sem aulas, mas isso não é, obrigatoriamente, um impeditivo ao nosso desenvolvimento.
Estudar é, sem dúvidas, um dos melhores investimentos que podemos fazer em nós mesmos. Mesmos sem aulas, podemos continuar aproveitando o tempo com um atividade produtiva.
Dicas para estudar em meio à crise
Estudar antecipadamente
Uma das melhores técnicas de estudo, em termos de eficácia de aprendizagem, é a repetição espaçada. Ela consiste em estudar ao longo do tempo, e não tudo de uma vez só.
Exemplos:
- Em vez de estudar o material durante 5 horas em apenas um dia da semana, é melhor estudá-lo durante 1 hora por dia, 5 dias da semana.
- Em vez de estudar tudo só na semana da prova, é melhor estudar um pouco cada dia, durante todo o semestre.
Se for possível para você, comece a estudar o quanto antes (e continue depois que as aulas voltarem). Isso vai te proporcionar uma experiência de estudo mais tranquila (sem a ansiedade de estudar no dia da prova) e uma aprendizagem mais duradoura.
Investindo seu tempo de forma inteligente
Se você está passando horas do seu dia na televisão ou internet consumindo informação sobre coronavírus, isso pode te gerar dois prejuízos: aumento de ansiedade e perda tempo.
O quão importante é saber de absolutamente tudo sobre a pandemia? Você precisa acompanhar o aumento do número de casos de pessoas infectadas ao vivo? Considere avaliar em que você está investindo se seu tempo, e se ele poderia ser melhor investido no seu aprimoramento. Bons estudos!
Gostei muito dos comentários do texto e aprendi coisas interessantes. Viver em isolamento e medo de contrair COVID19, nos leva ao estresse e ansiedade. Mas, também, nos leva fazer reflexões de nossas falhas e egoísmo. Viver coletivamente, partilhar o que somos e temos para melhor viver com saúde e em paz. Sem a essência de Deus, é impossível ser feliz e viver em paz. Como afirma Kolakowski, “A cultura quando perde seu sentido sagrado, perde todo sentado do resto. Rejeitar o sagrado é rejeitar os limites. É também rejeitar a ideia do mal.” Sendo assim, o sagrado é de ordens e respeito.