Por Amanda Gomes – Psicologia Disruptiva
Psicologia e Economia juntas ?
A princípio, para muitas pessoas, essa união é como água e óleo: uma mistura simplesmente não pode dar certo.
Vários pesquisadores, entretanto, mostraram que essa junção dá tão certo que traz uma nova perspectiva acerca de como são tomadas as decisões.
Uma disciplina relativamente nova chamada Economia Comportamental resulta da união dos saberes da Psicologia com os conhecimentos da Economia.

O que é Economia Comportamental?
A Economia Comportamental é uma resposta ao termo da Economia clássica homo economicus. Este termo afirma que o ser humano é dotado de total racionalidade e todas as suas escolhas são baseadas na lógica e completa razão.
Podemos definir a Economia Comportamental como o estudo das influências cognitivas, sociais e emocionais encontradas no comportamento de escolha das pessoas.
Os conceitos ligados à Economia Comportamental buscam explicar como o ser humano tomam suas decisões e foram descobertos, em sua maioria, a partir de experimentos.
Será que realmente medimos as consequências antes de fazermos todas as escolhas? Será que sempre pensamos numa relação entre custo-benefício? Seríamos egoístas e colocamos sempre nossas necessidades à frente das necessidades de outras pessoas?
Esses são apenas alguns dos muitos questionamentos que a Economia Comportamental buscou responder.

Como realmente tomamos nossas decisões?
Para tomarmos nossas decisões, de acordo com o Nobel em Economia Kahneman, temos à disposição dois sistemas: o sistema (1) rápido e o sistema (2) devagar.
Segundo Kahneman e Tversky no livro Rápido e Devagar:
‘‘O sistema 1 opera automática e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e nenhuma percepção de controle voluntário. O sistema 2 aloca atenção às atividades mentais laboriosas que o requisitam, incluindo cálculos complexos. As operações do Sistema 2 são muitas vezes associadas com a experiência subjetiva de atividade, escolha e concentração.’’
Podemos não nos dar conta mas estamos sempre fazendo escolhas.
Por exemplo, enquanto você está lendo, você está decidindo se irá continuar a leitura ou se fechará a aba do artigo e abrirá o Youtube para ver algum vídeo.
Por mais simples que seja, a todo momento você está fazendo alguma escolha.
Pensar e ponderar escolhas ao longo do dia faz com que gastemos muita energia, por isso a maior parte de nossas escolhas são feitas utilizando o sistema 1.
Deste modo conseguimos tornar a maioria das nossas decisões mais ágeis. Entretanto, quando usamos o sistema rápido, corremos o risco de nos deixarmos levar pelo que chamamos de anomalias. Uma anomalia é tudo aquilo que afasta as nossas decisões da racionalidade.
As anomalias estudadas pela Economia Comportamental dividem-se dois termos: heurísticas e vieses cognitivos.
As heurísticas são atalhos mentais que tomamos para poupar tempo e energia.
Pense: quantos caminhos você pode fazer para ir de casa para o trabalho?
Mesmo que tenha um infinidade de caminhos, você optará por fazer sempre o mesmo caminho. Esta escolha será uma simplificação. Ao escolher sempre a mesma rota, você economiza tempo e energia.
Os vieses cognitivos, por sua vez, são erros de julgamento de cometemos. Um exemplo de viés cognitivo é chamado Efeito Framing ou Enquadramento.
Efeito Framing é um viés em que as escolhas são influenciadas pela forma como são apresentadas e ele é vinculado à Teoria da Perspectiva.
Pense na seguinte situação:
Você vai passar por um procedimento cirúrgico arriscado e o seu médico precisa te informar sobre os riscos.
Como você prefere ser avisado sobre os riscos do procedimento cirúrgico?
- ( ) Você possui 15% de estar vivo após o procedimento.
- ( ) Você possui 85% de chance de morrer com este procedimento.
Pense agora em outra situação:
Você vai à farmácia e precisa escolher um preservativo dentre duas opções:
- ( ) Marca X que apresenta 95% de risco de não engravidar.
- ( ) Marca Y que apresenta 5% de risco de engravidar.
Se você é como a maioria das pessoas, certamente optou pela opção A em ambos os casos. Isso porque foi descoberto que as pessoas fazem suas decisões dependendo da forma como as situações são mostradas. De acordo com a Economia Comportamental, todas as nossas escolhas são baseadas em comparações e, por isso,estamos comparando a todo momento – até mesmo quando não é a nossa intenção.
Então o que acontece quando a Psicologia encontra a Economia?
Nos tornamos mais humildes por reconhecer os nossos limites como seres pensantes.
O trabalho da Economia Comportamental é compreender as limitações humanas e quais aspectos vinculados a elas. Assim, podemos nos conhecer melhor e conhecer melhor a motivação das pessoas ao nosso redor. Responder “ O que escolhemos” “ Por que escolhemos “ e “ Como mudar nossas escolhas” é o trabalho do Economista Comportamental.
Referências
Ávila, F., & Bianchi, A. M. (Eds.). (2015). Guia de economia comportamental e experimental. EconomiaComportamental. org.
Kahneman, D. (2012). Rápido e devagar: duas formas de pensar. Objetiva.
Texto “ O Que é Economia Comportamental?” – https://psicologiadisruptiva.com
Olá. Muito bom, quero sim continuar recebendo textos. Sempre útil para inovação! Obrigada.