Existem dois tipos de Inveja; Só um está associado a Schadenfreude

Você vê com inveja como seu colega de longa data recebe uma promoção no trabalho ou uma nota melhor na escola/faculdade – algo que você se esforçou muito para conseguir, mas nunca obteve. Não muito tempo depois, você vê ele tropeçando e caindo no escritório/escola/universidade na frente de todos.

Você acha esta situação agradavelmente divertida? Em outras palavras, você sente schadenfreude?

Schadenfreude é uma palavra derivada do alemão, Schaden (dano) e Freude (alegria), utilizada para designar o prazer obtido dos problemas dos outros.

De acordo com uma equipe internacional de psicólogospesquisadores, sua resposta provavelmente dependerá do tipo específico de inveja que sente em relação ao seu colega.

Niels van de Ven e seus colegas de trabalho dizem que há, de fato, dois tipos de invejainveja maligna e inveja benigna. Ambos envolvem comparar-se a alguém que é melhor de uma forma que importa para você, mas com a inveja maliciosa seu foco está na pessoa e desejando que ela não tenha a vantagem que você deseja, enquanto a inveja benigna envolve maior foco no objeto de sua inveja e como você pode alcançá-lo para si mesmo. Em algumas línguas, como o holandês e o alemão, eles realmente têm palavras separadas para esses dois tipos de inveja.

Inveja maliciosa leva a schadenfreude, dizem os pesquisadores, mas a inveja benigna não.

Eles demonstraram isso em uma série de três estudos envolvendo centenas de pessoas, uma realizada em holandês, as outras duas em inglês.

O formato geral era o mesmo – os participantes recordavam uma situação em que haviam invejado a realização de outra pessoa, e então responderam perguntas sobre o tipo específico de inveja que tinham experimentado.

Em seguida, eles foram convidados a imaginar que a pessoa que invejavam tinha sofrido um pequeno  infortúnio e se eles iriam achar isso divertido. Finalmente, os participantes responderam perguntas sobre seus outros sentimentos sobre a pessoa invejada, como se eles se ressentiam e se suas conquistas eram vistas como merecidas.

O achado consistente em toda a parte foi que a inveja maliciosa, mas não inveja benigna, foi associada a sentimentos mais fortes de schadenfreude, mesmo depois de ter em conta a influência de outros sentimentos, como gostar e merecer o sucesso.

Como os pesquisadores explicaram, esse padrão de resultados faz sentido porque:

“O objetivo motivacional da inveja maliciosa é ferir a posição do outro para impedir que o outro fique melhor. Se um infortúnio acontecer ao outro superior este objetivo motivacional é satisfeito, desencadeando sentimentos positivos (ou seja, schadenfreude) “.

Pesquisas anteriores sobre os vínculos entre a inveja e schadenfreude foram inconsistentes.

Além disso, estudiosos discordaram sobre se a essência da inveja é simplesmente cobiçar o que outro tem, ou se necessariamente também envolve alguma intenção maliciosa para o invejado.

Van de Ven e seus colegas dizem que esses resultados inconsistentes e debates sobre as definições são resolvidos ao reconhecer a diferença fundamental entre a inveja benigna e maliciosa – ou o que no Brasil e na Rússia eles chamam de “inveja branca” e “inveja negra”.


van de Ven, N., Hoogland, C., Smith, R., van Dijk, W., Breugelmans, S., & Zeelenberg, M. (2014). When envy leads to schadenfreude Cognition and Emotion, 1-19 DOI: 10.1080/02699931.2014.961903

Adaptação do post escrito por Christian Jarrett (@psych_writer) para o BPS Research Digest.

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