O Glossário de termos psicológicos da APA ( American Psychological Association) define fobia como um medo persistente e irracional de um objeto específico, atividade ou situação, que é excessivo e desprovido de razão, tendo em conta as condições reais de ameaça do medo.
O medo é uma reação natural a um estímulo externo objetivamente perigoso, que prepara o corpo, quer para fugir ou atacar, em autodefesa, enquanto fobias são manifestações de medo exagerado em situações que não representam um perigo drástico, como fagofobia (medo de comer e engolir) e bromidrosifobia (medo do mau odor corporal de si e dos outros).
Mas se o medo é considerado uma resposta racional a um estímulo externo objetivamente perigoso, não teria sentido a proliferação de fobia de carros em grandes cidades em todo o mundo, tendo em conta a taxa de acidentes de trânsito e mortes por abuso?
Por que temos mais medo de barata que de nos mover a 120km/h em uma rodovia?
“MEDO, NA EVOLUÇÃO, É DE PARTICULAR IMPORTÂNCIA: MAIS DO QUE QUALQUER OUTRA EMOÇÃO, É CRUCIAL PARA A SOBREVIVÊNCIA” (DANIEL GOLEMAN)
As raízes evolutivas de fobias
Para Martin Seligman, o medo excessivo que leva a fobias tem, na verdade, uma base evolutiva, que não se desvia muito do medo racional.
Em sua “Teoria de Preparação e Fobias“, Seligman argumenta que os seres humanos são biologicamente predispostos a aprender o medo associado com estímulos externos que representam uma ameaça para a sobrevivência da espécie em toda a sua história evolutiva. Esta preparação biológica também é responsável pelas características que definem uma fobia, tais como, nomeadamente:
- aquisição rápida
- irracionalidade
- filiação
- Alta resistência à extinção (dificuldade de desaparecimento)
Essa teoria não está limitada a humanos, mas a espécies de todo o reino animal, e envolve uma vasta gama de capacidades sensoriais.
Embora a grande contribuição de Seligman e seus predecessores para uma melhor compreensão dos mecanismos que dão origem a fobias, o pesquisador Stefan G. Hofmann do Departamento de Psicologia da Universidade de Boston acredita que essa é apenas uma visão simplista do processo de aquisição e não entra em detalhes sobre os fatores cognitivos que influenciam a adoção de fobias.
Em sua Teoria da modelo de aprendizagem, Ohman e Mineka apresentam evidências de um modelo seletivo e associativo que explica a existência de medos evolutivos transmutados a fobias por causa de quatro características:
- Seletividade em relação ao módulo de entrada (medo é sensível aos estímulos que têm sido correlacionados com encontros ameaçadores no passado evolutivo).
- Automaticidade (os estímulos relevantes do medo evolutivo podem ser ativados mesmo sem uma plena consciência da situação).
- Encapsulação (medo é resistente a influências cognitivas conscientes, ou seja, que dizer que encapsula o sujeito).
- Circuitos neurais especializadas (medo é controlado por um circuito neuronal específico que tem sido moldado ao longo de milhares de anos de evolução).
Artigo original de Rita Arosemena P. para o Psyciencia.com, traduzido e adaptado para o Psicoativo.com.
Referências: NCBI