Ver alguém sofrer dor extrema tem efeito duradouro sobre o cérebro

Uma nova pesquisa sugere que testemunhar dor extrema – como a lesão ou morte de um companheiro no campo de batalha – tem um efeito duradouro sobre a forma como o cérebro processa potenciais situações dolorosas.

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Os participantes do estudo eram veteranos das Forças de Defesa de Israel, 28 com experiência de campo de batalha, todos os quais tinham sido expostos a pelo menos um evento onde um colega foi morto ou gravemente ferido, e um grupo de 16 veteranos de unidades de controle (não combatentes). Os pesquisadores analisaram a atividade cerebral dos participantes enquanto eles viram fotografias de mãos e pés representados em situações dolorosas e não dolorosas, como um machado golpeando diretamente o pé.

Os resultados, publicados na Cognitive, Affective, & Behavioural Neuroscience, revelaram  uma importante diferença nos padrões de ativação neural nos veteranos e nos não-combatentes. Entre os veteranos de batalha, a resposta aos estímulos não dolorosos foi reforçada, como se eles estivessem avaliando o potencial para a situação tornar-se de repente dolorosa – o machado perto do pé era uma lesão esperando para acontecer. Isso apesar do fato de que subjetivamente os dois grupos avaliaram os tipos de fotografias de forma diferente, em termos do seu desagrado.

Os trabalhos irão ser importantes para excluir a possibilidade de que esta hiper-vigilância neural ao potencial de dor é puramente impulsionada por outros fatores, por exemplo, TEPT não diagnosticado. Mas se é o caso de que a exposição prévia à dor modifica nosso sistema de percepção da dor, isso tem implicações importantes para a forma como cuidar de pessoas – veteranos de guerra, assim como sobreviventes de acidentes e desastres naturais.


Imagem via Los Alamos National Laboratory/Flickr

Artigo original do Alex Fradera no BPS Research Digest

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