Para pensar o problema da questão da diversidade humana e explorar as diferentes respostas possíveis, um conceito surge no campo da etnologia: o conceito de cultura. Que dará espaço, posteriormente, a um ramo da Antropologia, o Culturalismo. A introdução do conceito de cultura se fará com desigual sucesso nos diferentes países e o Culturalismo terá sua melhor acolhida nos EUA, onde terá seu aprofundamento teórico mais notável.
Dois caminhos vão ser explorados simultaneamente pelos etnólogos: o que privilegia a unidade e minimiza a diversidade; e outro caminho que dá toda importância à diversidade, demonstrando que ela não é contraditória com a unidade fundamental da humanidade. Não há um entendimento completo entre as diferentes escolas culturalistas sobre a utilização do conceito, se ele deve ser usado no singular ou no plural.
A primeira definição etnológica de cultura é devida ao antropólogo Edward Brunnet Tylor (1832 – 1917) e se apresenta puramente descritiva e objetiva. Para Tylor, a cultura é a expressão da totalidade da vida social do homem; se caracteriza por sua dimensão coletiva. O antropólogo atribuía um caráter relativamente inconsciente à cultura e acreditava na capacidade do homem de progredir e partilhava dos postulados evolucionistas de seu tempo. Não duvidava da unidade psíquica da humanidade, que explicava as semelhanças observadas em sociedades muito diferente: segundo ele, em condições idênticas, o espírito humano operava em toda a parte de maneira semelhante. Herdeiro do Iluminismo, aderiu a concepção universalista da cultura dos filósofos do século XVIII.
Franz Boas será o primeiro antropólogo a fazer pesquisas in situ (método de estudo em que o objeto é analisado no seu “local natural”) para a observação direta e prolongada das culturas primitivas. Percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo ambiente físico. Toda obra de Boas é uma tentativa de pensar a diferença. Para ele, a diferença fundamental entre os grupos humanos é de origem cultural; a característica dos grupos humanos no plano físico é a sua plasticidade, sua mestiçagem e diversidade. Cada cultura representaria ma totalidade singular; cada uma é dotada de um “estilo” particular que se exprime através da língua, das crenças, costumes, arte, comportamento… Boas também se dedicou a mostrar a incoerência da ideia de uma ligação entre traços físicos e mentais, dominante na época e percebida na noção de “raça” corrente. Para ele, não há diferença biológica entre primitivos e civilizados, somente diferenças de cultura, adquiridas e logo, não inatas.
Ao contrário de Tylor, Boas tinha como objetivo o estudo “das culturas” e não “da cultura”. Deve-se a ele a concepção antropológica de “relativismo cultural”, mesmo que não tenha sido o primeiro a pensar na relatividade cultural, o qual considerava um princípio metodológico.
Fonte: CUCHE, Dennys. A noção de cultura nas Ciências Sociais. 29 ed., 2002
Muito bons esses artigos eles nos posicionam nos assuntos se tornando referencia central para nos inteirarmos de forma abrangente nas questoes levantadas .otimo