Você provavelmente já ouviu o ditado, “paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras nunca vão me machucar.” A evidência científica demonstra que esta afirmação de que “as palavras nunca vão doer” simplesmente não é verdade. Insultos e rejeição social doem, da mesma forma que um osso quebrado.
Como o cérebro registra dores sociais
Graças à tecnologia de ressonância magnética funcional e estudos de lesões em animais, os pesquisadores descobriram que a mesma parte do nosso cérebro que registra a dor social registra a dor física, ou seja, o córtex cingulado anterior.
Isto pode explicar porque seu coração literalmente sente dor depois de um chute na bunda, ou porque você se sente como se fosse atingido por um caminhão após a perda de um ente querido. Da mesma forma, este achado também pode ajudar a explicar por que alguém pode voltar-se para as práticas de auto-prejuízo, como mutilação para mitigar sofrimento social e emocional. Os nossos sistemas físicos e emocionais estão inseparavelmente entrelaçados.
Por que a dor social dói
Somos seres sociais. A dor associada com a rejeição é um sinal de perigo para nós. Existem caminhos neurais para nos dizer que estamos em apuros quando somos rejeitados pela tribo para que possamos corrigir esse problema e sobreviver. Nossa espécie tem evoluído para ser cooperativa. Mesmo que os avanços tecnológicos dos tempos modernos nos proporcionem a capacidade de sobreviver em isolamento, é mais saudável ter fortes conexões sociais e bons relacionamentos .
Tylenol ajuda com a dor da rejeição?
Se registo de dor física e social acontece na mesma parte do cérebro, faz sentido perguntar se um analgésico típico como Tylenol pode ser capaz de ajudar a fazer sentimentos de rejeição mais toleráveis. Psicólogos Naomi Eisenberger, C. Nathan DeWall e seus colegas fizeram essa pergunta e descobriram que o paracetamol, o ingrediente ativo do Tylenol, pode realmente reduzir a sensação de dor social.
Para determinar se Tylenol pode ajudar com a dor social, Eisenberger, DeWall e seus colegas tinham voluntários tomando um Tylenol uma vez por dia durante três semanas. Estes voluntários foram então comparados com os voluntários que receberam um placebo diariamente durante três semanas. Aqueles que tomaram o Tylenol relataram menos sentimentos feridos do que aqueles no grupo de placebo. Além disso, quando colocados numa situação que envolveu a exclusão social, foi demonstrado que aqueles que tinham tomado o Tylenol demonstraram menor atividade na área do cérebro que registava dor do que aqueles no grupo de placebo.
Conclusões
Esta pesquisa não deve encorajar a todos a começarem a automedicação com Tylenol, mas demonstra como nossos sistemas sociais, emocionais e físicos são realmente conectados, e ajuda a lançar luz sobre a importância da conexão social e apoio para o nosso bem-estar e sobrevivência.
Fontes:
DeWall, C. N., MacDonald, G., Webster, G. D., Masten, C. L., Baumeister, R. F., Powell, C., Combs, D., Schurtz, D. R., Stillman, T. F., Tice, D. M. and Eisenberger, N. I. (2010). Acetaminophen reduces social pain: Behavioral and neural evidence. Psychological Science, 21(7), 931-937.