Os 10 filmes de Ficção Científica mais Filosóficos de todos os tempos

Filmes de Ficção Científica que abordam a Filosofia

Assim como o surrealismo e realismo fantástico, ficção científica é um gênero que permite um grande grau de liberdade criativa, uma vez que a narrativa não está vinculada pelas limitações da realidade atual. Assim, fornece um terreno fértil para todos os tipos de alegorias, metáforas e realidades alternativas, bem como uma forma de contornar a censura.

A característica definidora do gênero é a abordagem em relação à ciência e tecnologia, de alguma forma, mas estes temas não necessariamente precisam ser o seu assunto. Na verdade, alguns filmes nesta lista simplesmente usam a tecnologia como uma forma de justificar a existência de mundos nos quais alguns aspectos da nossa própria realidade são mais claros, ou isolados a partir de uma série de ideias pré-concebidas, proporcionando ao público distanciamento suficiente para interpretar-los sob uma nova luz.

Seja explorando as consequências do desenvolvimento de certas tecnologias, ou criando alegorias que se relacionam com certas ideias, os seguintes filmes vão além da simples narrativa para fornecer poderosas ideias filosóficas em diversos aspectos da nossa existência.

Filmes de Ficção Científica que abordam a Filosofia


10. Akira

“Uma grande explosão fez com que Tóquio fosse destruída em 1988. Em seu lugar foi construída Neo Tóquio, que, em 2019, sofre com atentados terroristas por toda a cidade. Kaneda (Mitsuo Iwata) e Tetsuo (Nozomu Sasaki) são amigos que integram uma gangue de motoqueiros. Eles disputam rachas violentos com uma gangue rival, os Palhaços, até que um dia Tetsuo encontra Takashi (Tatsuhiko Nakamura), uma estranha criança com poderes que fugiu do hospital onde era mantido como cobaia. Tetsuo é ferido no encontro e antes de receber a ajuda dos amigos é levado por integrantes do exército, liderados pelo coronel Shikishima (Tarô Ishida). A partir de então Tetsuo passa a desenvolver poderes inimagináveis, o que faz com que seja comparado ao lendário Akira, responsável pela explosão de 1988. Paralelamente, Kaneda se interessa por Kei (Mami Koyama), uma garota envolvida com espiões que tenta decifrar o enigma por trás das cobaias controladas pelo exército.”

https://www.youtube.com/watch?v=msUWDYYtaIU

Considerado um marco na ficção científica animada, Akira tem visuais intricados desenhados à mão, explosões constantes, e uma espécie de estranheza que é típica das animações japonesas.

Embora não explicitamente filosófica, a mudança de atitude de Tetsuo na sequência da sua aquisição de poderes sobrenaturais, e a reação de cada uma das partes envolvidas, tocam em temas como a natureza corruptora do poder, amizade e determinismo.

9. Matrix

“Em um futuro próximo, Thomas Anderson (Keanu Reeves), um jovem programador de computador que mora em um cubículo escuro, é atormentado por estranhos pesadelos nos quais encontra-se conectado por cabos e contra sua vontade, em um imenso sistema de computadores do futuro. Em todas essas ocasiões, acorda gritando no exato momento em que os eletrodos estão para penetrar em seu cérebro. À medida que o sonho se repete, Anderson começa a ter dúvidas sobre a realidade. Por meio do encontro com os misteriosos Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss), Thomas descobre que é, assim como outras pessoas, vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas, criando a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia. Morpheus, entretanto, está convencido de que Thomas é Neo, o aguardado messias capaz de enfrentar o Matrix e conduzir as pessoas de volta à realidade e à liberdade.”

Assemelha-se fortemente a Alegoria da Caverna de Platão, só que desta vez incluindo metralhadoras, pessoas esquivando de balas, helicópteros e artes marciais.

Tal como acontece com muitos clássicos contemporâneos, “Matrix” está cheia de referências. Citações de “Alice no País das Maravilhas”, influências de filmes de artes marciais, Zen Budismo, animação japonesa, e cyberpunk, tudo se reúne para formar um filme cujas ideias, conceitos e estilo visual têm influenciado fortemente muitos filmes de ação e ficção científica subsequentes.

8. Gatacca – Experiência Genética

Num futuro no qual os seres humanos são criados geneticamente em laboratórios, as pessoas concebidas biologicamente são consideradas “inválidas”. Vincent Freeman (Ethan Hawke), um “inválido”, consegue um lugar de destaque em corporação, escondendo sua verdadeira origem. Mas um misterioso caso de assassinato pode expôr seu passado.


7. Ela (2013)

Theodore (Joaquin Phoenix) é um escritor solitário, que acaba de comprar um novo sistema operacional para seu computador. Para a sua surpresa, ele acaba se apaixonando pela voz deste programa informático, dando início a uma relação amorosa entre ambos. Esta história de amor incomum explora a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia.


6. Brazil, O filme (1985)

Brazil (br: Brazil – O Filme) é um filme de comédia britânico de 1985. Caracteriza-se como uma comédia distópica dirigida por Terry Gilliam, um dos integrantes do grupo Monty Python.

Brazil está definido em um mundo fictício que parece ser uma versão satírica de “1984”. Assim como na distopia de George Orwell, o mundo é dominado por um governo totalitário quase onisciente, que controla qualquer forma de dissidência através da censura, violência e tortura, as prerrogativas do Ministério da Informação.

“Sam Lowry (Jonathan Pryce) vive nesse Estado totalitário, controlado pelos computadores e pela burocracia. Neste Estado futurista, todos são governados por fichas e cartões de crédito e ainda precisam pagar por tudo, até mesmo pela permanência na prisão. Em meio à opressão, Sam acaba se apaixonando por Jill Layton (Kim Greist), uma terrorista.”


5. Primer

Aaron (Shane Carruth) e Abe (David Sullivan) são dois jovens engenheiros que realizam experiências científicas em uma garagem. O projeto mais recente em que estão trabalhando é um dispositivo que reduz o peso de um objeto em seu interior, ao bloquear a força da gravidade. A experiência faz com que a dupla realize uma descoberta que pode fazer com que tenha tudo o que quiser.


4. Blade Runner

“No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra, mas tal ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison Ford) é encarregado de caçá-los.”

Situado numa futurista mas ainda decrépita Los Angeles, a obra-prima de Ridley Scott conta com temas tais como a natureza da humanidade, as implicações da tecnologia na sociedade, e a ética da manipulação genética e apropriação humana de outras formas de vida. Apresenta uma atmosfera de incerteza e contradição que leva o público a questionar o que significa ser humano, assim como Deckard questiona sua própria natureza.

3. Solaris

“Chris Kelvin (George Clooney) é um psicólogo que ainda sofre a perda de seu grande amor, Rheya (Natascha McElhone), alimentando um sentimento de culpa pelo ocorrido. Kelvin é convocado para investigar o estranho comportamento dos integrantes de uma estação espacial que orbita o misterioso planeta Solaris, que perdeu contato com a Terra. Inicialmente relutante, Kelvin decide partir após ver um comunicado de Gilbarian (Ulrich Tukur), seu grande amigo pessoal, solicitando sua ajuda na estação Prometheus por razões que não quer explicar. Ao chegar na estação orbital Kelvin tem uma dupla surpresa: Gilbarian se suicidou e os outros dois cientistas apresentam sintomas de stress extremo e paranóia, resultado dos exames que realizaram no planeta. É quando algo inusitado ocorre na vida de Kelvin e ele reencontra, bem à sua frente, sua amada Rheya.”

Desafiador, mas cativante, “Solaris” é ilimitado por convenções tradicionais do gênero, e usa a configuração de sci-fi como uma forma de explorar dilemas humanos. Ele toca em questões como a possibilidade de viver em uma ilusão feliz ou uma realidade dura, temas que viriam a ser abordados por “Matrix” e “A Origem” (Inception), mas em “Solaris” esta questão surge a partir da conclusão de uma profunda análise, que envolve a dor que Kelvin enfrenta de abandonar o seu pai na Terra e suas alucinações envolvendo sua falecida esposa.

2. 2001: Uma Odisseia no Espaço

“Desde a “Aurora do Homem” (a pré-história), um misterioso monolito negro parece emitir sinais de outra civilização interferindo no nosso planeta. Quatro milhões de anos depois, no século XXI, uma equipe de astronautas liderados pelo experiente David Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood) é enviada à Júpiter para investigar o enigmático monolito na nave Discovery, totalmente controlada pelo computador HAL 9000. Entretanto, no meio da viagem HAL entra em pane e tenta assumir o controle da nave, eliminando um a um os tripulantes.”

O filme de Stanley Kubrick “2001: Uma Odisseia no Espaço” é um dos mais influentes filmes de ficção científica de todos os tempos. Apesar de sua aclamação quase universal, alguns críticos tem considerado o apelo dramático muito abstrato e carente.

Na verdade, ele não tem a profundidade emocional de outros filmes de ficção científica ambiciosos, como “Solaris”, mas o seu estoicismo desempenha um grande papel em torná-lo hipnótico, uma qualidade pela qual foi muito elogiado. A comparação com “Solaris”, no entanto, não é estritamente justa, já que eles lidam com diferentes temas, o último foca em emoções humanas e 2001 fala sobre a inteligência artificial, a evolução humana, e existencialismo.

1. Stalker

“Em um país não nomeado, a suposta queda de um meteorito criou uma área com propriedades estranhas, onde as leis da física e da geografia não se aplicam, chamada de Zona. Dentro da Zona, segundo reza uma lenda local, existe um quarto onde todos os desejos são realizados. Com medo de uma invasão da população em busca do tal quarto, autoridades vigiam o local e proíbem a entrada de pessoas. Apenas alguns têm a habilidade de entrar e conseguir sobreviver lá dentro, são os “Stalkers”. Um escritor e um cientista querem entrar e contratam um stalker para guiá-los lá dentro. No caminho até o quarto, vão passar por rotas misteriosas e muitas vezes, mutáveis.”

O último filme de Andrei Tarkovsky produzido na União Soviética pode parecer lento e chato para um público acostumado a produções de Hollywood. No entanto, para aqueles capazes de navegar através de seus diálogos complexos e sua simbologia, assistir esta obra-prima pode ser uma experiência de mudança de vida.


Autor: Henrique Fanini Leite é engenheiro, atualmente a trabalhando para o Programa Espacial Brasileiro. Ele começou a escrever profissionalmente durante a universidade. Desde então, ele publicou um livro e histórias curtas online, antologias e revistas.

Via Taste of cinema

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