“Os Argonautas do Pacífico Ocidental” – Bronislaw Malinowski

argonautas

O autor inicia a obra falando sobre a pesquisa científica no campo da etnografia e expondo os princípios do método para a realização dela. O trabalho científico de um etnógrafo deve ser livre de ideias preconcebidas, com objetivos bem definidos e registros feitos de forma firme e clara. É exposta também a necessidade de verificações empíricas para que seja possível um registro fidedigno à realidade, pois a vida e convivênvia de um grupo social possui uma vasta gama de fatos com considerável grau de complexidade. Aqui, destaca-se o conceito de imponderabillia, que é usado para fenômenos que não são inteiramente captáveis através de apenas relatos, questionários e análises documentais, é preciso estar presente e registrar os fatos da maneira como ocorrem.

Após essa introdução, Malinowski faz um relato embasado em um trabalho de campo realizado com comunidades tribais habitantes de ilhas ao norte e a leste do extremo oriental da Nova Giné, que ficaram conhecidos por seu esquema de de troca, o Kula. O Kula é um sistema organizado de troca intetribal utilizado por comunidades em um largo anel de ilhas que formam um circuito fechado. A base do Kula é formada por dois objetos principais – colares (soulava) e braceletes (mwali), ambos de conchas – transitando em sentidos opostos. Quando um membro de uma comunidade recebe um desses objetos, ele deve repassá-lo a outro indivíduo que, por sua vez, o recompensa com o objeto oposto. Sendo regulamentado por um conjunto de regras fixadas e organizadas, o Kula possui um valor simbólico muito maior que comercial; envolve uma grande quantidade de atividades interligadas que formam um todo orgânico.

A atribuição da denominação “argonautas” se deu pelo domínio no campo das navegações, que também se fazia preente nos argonautas tripulantes da nau Argo, da mitologia grega. A navegação era fator essencial para que o kula se mantivesse, uma vez que o circuito era formado por ilhas.

Além de técnicas de navegação, esses nativos também dominavam técnicas agrícolas e viviam em uma região propícia para o cultivo de inhame e tari, que era o que produzia movimentações comerciais e símbolos de riqueza. O chefe da tribo era o maior detentor de alimento do grupo e o que organizava e comandava a manutenção de riquezas e recursos do grupo. Outra figura de autoridade era o feiticeiro, que realizava rituais mágicos em cada estágio do processo de produção agrícola e era responsável pela escolha das “roças especiais” (porções de terra onde seriam realizados os ritos).

A população acreditava  que o feiticeiro tinha o poder e controle sobre os fenômenos da natureza e pensavam que também deveria controlar a ação humana. A crença na mágica os fazia acreditar também no sucesso, impulsionando-os ao trabalho e, consequentemnte, ao funcionamento da comunidade em um todo organizado.Bronisław_Malinowski_among_Trobriand_tribe

O grande mérito de Malinowski é demonstrar que não se pode estudar uma cultura analisando-a do exterior.

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