Vinculação afetiva pessoa-ambiente

A seguir segue uma resenha descritiva a respeito do trabalho de Deyseane Maria Araújo Lima e Zulmira Áurea Cruz Bomfim, considerando-se aspectos tidos como mais relevantes do artigo Vinculação afetiva pessoa-ambiente: diálogos na psicologia comunitária e psicologia ambiental.

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INTRODUÇÃO

Lima e Bonfim (2009) introduzem o assunto a partir da Psicologia Social. Tanto a Psicologia Ambiental (PA), como a Psicologia Comunitária (PC) são oriundas da Social com mesma base epistemológica: o materialismo-histórico dialético. A PC como prática da Social em termo nacional (movimentos sociais, de saúde pública/coletiva ou com o meio ambiente). Por meio de Kurt Lewin, surge a PA, uma construção que, segundo Moser (1998) possui metodologias próprias, além das disponíveis dentro da psicologia como um todo. Sobretudo, sua relevância no que diz respeito à inter-relação pessoa-ambiente.

O objetivo das autoras é o de discutir a possibilidade de articulação entre os conceitos de apego ao lugar e sentimento de comunidade. Sendo o método, o de pesquisa bibliográfica com o intuito de aprofundamento dos termos. Ademais elas contribuem no sentido de relacionar os conceitos de forma a evidenciar suas proximidades e distanciamentos.

SENTIMENTO DE COMUNIDADE E APEGO AO LUGAR

O desenvolvimento do trabalho se dá pela conceituação entre os dois conceitos: sentimento de comunidade e apego ao lugar. Na conceituação do primeiro item elas se embasam em autores como Swaya e Góis, principalmente. Para Góis (2005) é “um espaço de mediação entre as pessoas, o município e a sociedade, além de ser um lugar de reconhecimento e de confirmação da identidade pessoal dos moradores. ” Um lugar onde há construção de laços afetivos, ao mesmo tempo que não é um lugar homogêneo, onde também há conflitos que permitem a transformação dos moradores e da própria comunidade. McGillan e Chavis (citados em García, 2002) trazem quatro categorias de sentimentos comunitários: O de pertencimento, influência, satisfação e conexão emocional compartilhada.

Enquanto a vinculação afetiva pessoa-ambiente toma início de caracterização por meio de Bolby (2002) com sua teoria de apego utilizada para determinar o vínculo afetivo entre o bebê e sua mãe. Os autores mais citados são Moser, Yi-fu Tuan e Giuliani. Yi-fu, em 1983, trata da relação do espaço geográfico e a vinculação afetiva  no sentido da transformação do espaço em lugar, através da experiência humana. Moser (2001) propõe que a subjetividade permite a significação e identificação é que serão determinantes na caracterização com o lugar. Ele também estratifica os quatro níveis de apego, sendo eles: microambiente (casa própria), comunidades (vizinhanças), ambientes públicos (cidades) e o societal (ambiente global). Ademais Giuliani (2004) afirma que o apego ao lugar é uma consequência da presença de afetos, expressos pelo nascimento, vivenciamento e/ou interação e aponta três principais processos geradores de apego: satisfação da necessidade pessoal, significação dos lugares e período de residência e familiaridade.

RELAÇÃO

Enfim, a relação entre eles se dá como um somatório conceitual, uma vez que são correlatos quando se trata de comunidade. O apego ao lugar não está estrito à comunidade, este módulo é apenas um dos demais possíveis (como apego à casa onde morou, etc). Em ambos os casos está presente a satisfação das necessidades com o lugar, e em foco está o conforto e a segurança. Caso esta venha a ser abalada, pode causar um efeito negativo no sentimento de comunidade e no apego ao lugar.

Uma pequena diferença se dá no apego funcional cuja predominância está na base cognitiva e não na afetiva. Se o ambiente não satisfaz os indivíduos, o apego diminui, ele se refere às alternativas disponíveis ao ambiente no sentido de melhorá-lo. Por outro lado o sentimento de comunidade está mais atrelado à vinculação entre os moradores e a comunidade. O apego ao lugar é de base afetiva, portanto predomina-se os itens supracitados de segurança e conforto.

Segundo García et al. (2002) a construção de símbolos entre os moradores e a identificação com o local (apego) são essenciais para o sentimento de comunidade. Assim como o significado de lugar é fundamental para a identidade do indivíduo que lá reside (Giuliani, 2004). Afinal, a identidade com o local promove vinculação afetiva, o que também é observado no sentimento de comunidade.

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